sexta-feira, 9 de julho de 2010
Poeta.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Sabor.
Desejou que seu coração parasse de bater a fim de que a dor parasse, no entanto, não chorou, as lágrimas não lhe eram permitidas, era só um passatempo, tentou acreditar, não merecia seu choro.
Apesar da ausência de lágrimas, voltou atrás, pois sentia que ali havia um vazio que não seria preenchido por qualquer outra pessoa. Não conseguia desprender-se. Humilhou-se e, só então, chorou, talvez mais pela humilhação do que pelo sentimento.
Decidiu-se, ainda em pedaços e sem rumo, enterrar sua dor e, sem saber para onde ir ao certo seguiu em frente.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
A escolha.
O espelho no chão em pedaços refletindo uma imagem incompleta. Qual delas seria uma parte de si? Talvez nunca a encontrasse, perdera-se ao dizer "adeus". Não havia volta, nem esperança, tão pouco sonhos. Eles se foram por uma razão e pela mesma não mais voltariam.
Era a hora de deixar o passado esmorecer e seguir em frente, o singular era a melhor opção.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Sono
Não agüentando o apertar sentido no peito, chorou sua ausência e o desejou ali, a segurar-lhe a mão, oferecendo-lhe um abraço protetor, no entanto, nada havia alem de sua vontade e necessidade de ser confortada.
A cada lágrima um novo aperto e um segundo a menos de esperança.
Perguntou-se, entre um soluço e outro, se havia alguma maneira de fazer com que o sentimento de estar perdida e insegura passasse, não encontrando resposta, cerrou os olhos forçando o sono e pediu que um único desejo lhe fosse atendido: queria esquecer.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Sinais.
Permitira que seus medos retornassem, assim como suas inseguranças, as quais causavam-lhe as mais terriveis tristezas, mesmo quando sabia, ou achava que sabia, que nada era real. Sentia que enganava-se, que tornara-se seu inimigo, seu próprio destruidor de sonhos.
Ainda, pensava, havia tempo para não se sabotar, mas o gosto já não era o mesmo, aquele doce encanto suave aos poucos tornara-se apenas suave encanto e, talvez não lhe fosse o suficiente. Era assim, queria sempre mais e, quando lhe era negado, o sabor mudava. Desejava o mundo para si, pois entragava-se ao mundo e o mesmo desejava que lhe fosse entregue.
Todas suas dúvidas e presságios não passam de enganações, previsões de algo incerto, que talvez, como é provável, venha acontecer de maneira totalmente contrária do que pensa, mas em sua mente um futuro que já conhece de cor toma vida. Quantas vezes não acontecera o mesmo? Talvez, neste momento, fosse diferente, esforçava-se para acreditar, mas aquele zumbido intermitente não deixava-lhe sonhar, não como almejava no seu intimo: voar sem os pés no chão.
Decidiu, então, esquecer. Esqueceu, por um momento todo o passado, apagou com uma borracha, e fingiu que ele nunca existira. Animou-se e, mesmo ainda percebendo as marcas deixadas, permitiu-se. Vendou os olhos e seguiu, sem medo, confiante e, aos poucos desprendeu-se do chão, ao encontro daquilo que julgava correto.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Perfeição.
sábado, 21 de junho de 2008
Vida.
A água gelada que é levada até o rosto desperta e limpa. É a pureza que falta, mas não completa. A face antes escondida por camadas de delineador e rímel estava descoberta, desnuda. Não havia sorriso nem dúvida ou estranheza, acostumara-se com a naturalidade de suas expressões, que só eram entendidas por si mesma.
Os anos haviam passado e com eles pesares eram acumulados, mas enquanto seus olhos puxados mantivessem o olhar firme e meigo, bem como seus lábios mostrassem um sorriso doce e amplo, no momento em que suas faces coravam discreta e delicadamente, não haveria pesar que transparecesse.
A mascara se perpetuara, era ela e ela era a mascara, transformara-se em uma unidade, um amalgama de sólida falsidade crível que escondia a realidade crua na qual estavam envolvidos seus sentimentos. Sua falta de essência transparente não lhe era estranha, na verdade era confortante, uma vez que ter ciência de que outros podiam ler seus gestos e pensamentos com precisão, causava-lhe incomodo.
Gostava de si mais do que de qualquer um, satisfazer-se era necessário e, quanto aos outros, se desse tempo ou tivesse vontade, atenderia às necessidades. Mas nunca demonstrava seu desinteresse, ao contrário, sorria e olhava sinceramente, como alguém pronto a ajudar um desconhecido, mantendo em mente suas vontades e objetivos enquanto fazia o que melhor sabia: esconder sua essência.