quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Bilhete.

Beijou-lhe os lábios com uma paixão de quem se despede, entregou-lhe uma taça de seu Chardoney favorito e sentou-se no sofá a olhar fixamente em seus olhos ardentes de mentiras enquanto recordava do dia em que juraram pertencer um ao outro.

Ela estava iluminada e brilhante como um diamante valioso de valor inestimável, que le nunca poderia comprar. Tudo nela o extasiava e era com encanto que mantinha seu olhar naquela bela figura à quem estava disposto a dedicar todos os seus suspiros. Perdia-se em pensamentos sobre o quão inimaginável era tê-la junto a si, especialmente por sentir-se tão pequeno diante de sua doçura.

Hoje nem parecia a mesma. Perguntava-se onde estaria o encanto que levou-lhe a tantos devaneios e momentos em que achava seu romance como saído de uma dessas histórias de Camões, totalmente inacreditáveis de tão idealizados que são. Culpava o bilhete, aquela declaração de amor recém sentido. O que lhe havia acontecido? Por que via-se perdido? Aquela ausência de sentimentos incomodava-lhe como uma farpa no indicador.

- Sei de tudo! - Comentou com a mulher, que estremeceu ao som de cada palavra. Não era fácil encarar-lhe após esta declaração, fingiu não entender-lhe.

Lendo em voz alta o bilhete sentiu-se chocado e começou a sentar-se novamente, pálido, contrastando com o sofá de couro vermelho. Ela foi a seu encontro, beijou-lhe suavemente os lábios.

- Você escreveu para mim antes de casarmos - Disse-lhe sorrindo.

Uma lágrima caiu de seus olhos e ao olhar para a mulher à sua frente sentiu a juventude voltar a si por entre uma mistura de insanidade, desespero e sentimento: Amava-a.

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