segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Sorriso.

Não era ódio, apesar de sentir o latejar de suas veias e os olhos ardentes como a chama do isqueiro que acendia seu cigarro lentamente. De acordo com seus valores, na maior parte do tempo, justos e corretos, sentia-se mais confortável ao definir o sentimento como um rancor ou um forte desejo passional de transformar vasos, porta-retratos, espelhos e tudo mais que pudesse segurar em suas mãos por um tempo breve o suficiente para arremessar e transformar em cacos e destroços.

Ao olhar alguém que por ela passava, projetava um meigo e, as vezes até doce sorriso que aprendera ainda cedo, na adolescencia, quando após sua primeira decepção percebeu que uma máscara lhe caia melhor do que a verdade e seus espinhos. Era um dom, pensava, quase uma arte. Quem olharia seus olhos amendoados e recusaria acreditar neles?

Queria gritar, mas permitia ter sua explosão contida através de risadas que se forçava a produzir de uma maneira perfeitamente convincente. Por vários instantes sentiu lágrimas ensaiarem uma queda de seus olhos e, a cada necessidade de choro, que via como uma fraqueza imperdoável, distribuia gentilezas e suprimia seu sentimento, trantando-o como um capricho infantil que deve ser negado.

Sabia que lágrimas e cenas nervosas seriam em vão, apenas uma garantia de sua imaturidade e extrema sensibilidade, ao invés disto preferira um trago do cigarro recém acendido, juntamente com a idéia fixa de que para tudo há, eventualmente, um retorno, o que lhe aquecia o peito com um leve contentamento ao planejar sua vingança.

4 comentários:

León, BITCH! disse...

ME ENCANTA LA VENGANZA!!!!
acho tendência!
bem BEATRIX KIDDO!
kkkkkk
jah me ouviu no podcast? =P

Anônimo disse...

Será que conseguiria ser feliz na vingança?

* hemisfério norte disse...

dizem deste lado do hemisfério que a vingança deve ser servida fria e ao jantar. :)
bjs
a.

Anônimo disse...

"A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena"... Bah, dane-se! Desde que durmamos em paz